terça-feira, 19 de dezembro de 2017

                                                
                                                   História sobre José Macke!


Na Revista SKT Paulusblatt de março de 1982 consta, na página 90, uma matéria enviada pelo Dr. Otto Loeffler se referindo a vida e a morte de um dos pioneiros colonizadores: José Macke-Trigolândia- Município de Bagé-RS.

“No dia 21 de dezembro de1981 foi chamado para a eternidade, o nosso sempre eterno, caridoso, pois acolhia a muitas de novas  famílias durante dias ou mais dos novos integrantes e querido irmãos José Macke, depois de seis meses de convalescência aos cuidados da esposa Maria quando foi chamado para a eternidade.
No dia seguinte aconteceu seu sepultamento com imensa participação da população, após a Santa Missa de corpo presente celebrada na Igreja “Cristo Rei” pelo Frei Boaventura Kloppenburg, que era cunhado do falecido e Diretor da Pastoral da Teologia para a América Latina. A missa foi concelebrada com o Padre José Macke Filho, filho do falecido e Vigário da Paróquia do Município de Lavras do Sul-RS, Padre Alex Kloppenburg, filho do irmão da esposa do falecido e exercia o cargo de coadjutor da Paróquia de São Gabriel-RS. MonSenhor Pedro  Wastowski, Secretário da Diocese de Bagé-RS e também do Frei Mário Segredo Capelão Militar da guarnição de Bagé.
José Macke completando quase 82 anos, com profunda consternação deixou a esposa Maria, nascida Kloppenurg e 10 filhos: José, Henrique, Alfredo, João, Lourenço, Carlos, Antônio, Ursula, Maria e Janete (adotiva). Deixou 5 noras, 2 genros e 28 netos(as).
Quando eu vim para o Brasil, em julho de 1937, tive a sorte primeiro porque eu tive abrigo na casa do seu sogro Bernardo Kloppenburg e um pouco depois encontrei em sua casa muita hospitalidade e com muita fartura e encontrei também a lida com a produção e lidar com a terra da região da Campanha. Em silêncio e retraído conquistou para si a honra do dever cumprido, para que o povo brasileiro que cada vez aumentava tivesse o seu pão. Por isso plantava milho, aveia e linhaça sempre ajudado na sua lida pela esposa Maria, com a qual manteve sempre uma família unida e feliz. Primeiro adquiriu 60 hes e mais tarde comprou mais 60 hes. Lavrava a terra com um arado de 2 aivecas e puxado por 4 cavalos. 
Nota: “Este arado existe ainda hoje”. A lavração desta terra bruta e pesada de lavrar era verdadeiramente um trabalho difícil e penoso pois havia um matagal de chirca e macega de 2 a 3 metros de altura.
José Macke possuía todas as qualidades de um colono: trabalhador, guerreiro e era muito seguro no trabalho e no negócio e principalmente um grande espírito de empreendedorismo. Grande era também seu espírito de paciência diante das adversidades. Diante disso sempre dizia: “ Assim como tudo acontece é o melhor”. Quando enfrentou 3 anos de más colheitas ele não perdia a paciência. Ele veio em 1929 de Rolante-RS para a fronteira Bagé onde o Sr. Francisco Krenzinger com alguns companheiros de Pelotas-RS fundou a Colônia Friedenau, que mais tarde se tornou Colônia Trigolândia. Ele foi o primeiro que aqui trabalhou com um trator para lavrar a terra como empregado do Klein onde com o seu cunhado Francisco Kloppenburg lavraram 200 hes de terra bruta e assim tornaram esta terra em terras produtivas. Sua inspiração era obter seu próprio trator e mecanismos. Depois de vários anos com muito trabalho e esforço conseguiu realizar o seu sonho. Depois disto veio a prosperidade. Com o arado de disco, máquina de corta e trilha, reboque com mais facilidade e mais rapidez aumentar o tamanho de suas lavouras.
 Numa visão de futuro José Macke (aqui com Lourenço Macke) viram a necessidade para a Região da construção de um espaço maior com a construção de um Salão de Baile e encontros para interesses comunitários. Assim foi construído o “Salão Trigolândia”.  O salão servia para todas as finalidades e assim não servia apenas para a Comunidade religiosa da qual era descentralizada mas para toda a atividade de cunho social.
Assim o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a Coopersul, o Funrural e INPS” ( como ele coloca) estão estreitamente ligados ao local. Aqui o recente Bispo empossado em Bagé Dom José Gomes ( classificado por ele como socialista)  hoje Bispo em Chapecó-SC, proferiu uma palestra com o tema: “ A união faz a força”. Este Bispo teve participação ativa na fundação da Colônia Salvador Jardim”, onde muitos filhos das famílias da Trigolândia tiveram acesso a um lote entre eles Henrique Macke e Alfredo Macke. Frisa ele que são filhos de José Macke e que eles se estabeleceram com uma próspera atividade agrícola. Aqui também eram realizadas palestras de agrônomos sobre atividades agrícolas e o desenvolvimento sustentável.
José Macke também preocupado com o social, religioso e educacional da comunidade.
José Macke não foi só o pioneiro no desenvolvimento do agro-negócio na zona da campanha, mas se preocupou muito com a cultura e a religiosidade onde tem o seu reconhecimento pela sua atividade. Escola e capela são interligados em todas as colônias com a vida e o trabalho dos habitantes. Para isto os colonizadores dão imenso valor e uma honra em particular efetivamente. Se hoje temos uma Escola Estadual de Ensino Médio e uma Comunidade Religiosa tão bem organizada, devemos essa conquista para as poucas famílias que em 1930 vieram da Colônia Rolante e a eles devemos o nosso agradecimento e reconhecimento. O atraso cultural e religiosa era um vácuo que eles aqui encontraram. Neste processo de aculturação José Macke tem um grande mérito com a sua participação.
Mas, José ainda fez muito mais. Presenteou a nova Paróquia para cuidar da parte espiritual por meio do estudo da teologia para o seu filho mais velho. O filho foi ordenado Padre, em Bagé, pelo Arcebispo Scherer para cuidar da nova Paróquia e que conduziu com muito zelo e dedicação e que atendeu por muitos anos com a satisfação e admiração do povo. Isto foi o ápice do trabalho meritório e apostólico de José Macke. Que ele receba na eternidade a recompensa pela sua vida dedicada à construção do Reino de Deus.
PS : O nosso falecido co-irmão ou irmão em Cristo José Macke era também um devoto fervoroso a Maria Santíssima. Por isso, acreditava que no seu sepultamento teria cantado: “Maria Zu Lieben” e “Com minha mãe estarei.”


Depois de ler tão bela história não há como não se comover de ter tido um pai exemplar, comunitário, religioso e trabalhador.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015


E-mail que recebi de Anselmo Malaguez:

"Prezado Lourenço Macke,
Inicialmente, gostaria de parabenizá-lo pelo blog e seu conteúdo de alto nível cultural, histórico e didático.
Tive a satisfação de acompanhar de perto os processos de emancipação de Candiota e Hulha Negra, e o inesquecível escrutínio dos votos no Clube Social e Recreativo Candiota, na Vila Residencial, quando, na ocasião, eu fazia parte da diretoria. Nunca esqueci a comemoração do pessoal da Hulha defronte ao clube, cena à qual assisti.
Com certeza a emancipação foi extremamente benéfica para os municípios (incluo aqui Aceguá) e gostaria de dizer que o seu trabalho nesse processo será lembrado eternamente pelos cidadão hulha-negrenses. Sou orgulhoso também em dizer que sou nascido em Candiota e com meus pais e avós serem da querida Hulha Negra, mais precisamente da região da Sanga dos Vimes, próximo à Trigolândia.
Pretendo, junto com minha esposa e filhos, poder reencontrá-lo na Oktoberfest que se aproxima.
Um grande e caloroso abraço !
Saudações."

segunda-feira, 6 de agosto de 2012


A história de Hulha Negra


Trabalho elaborado por Lourenço Macke, que através de pesquisa, muita leitura, dados apontados e outros, repassados por gerações anteriores. Tem o objetivo de preservar e oferecer subsídios às escolas e demais pessoas interessadas.
Lourenço Macke-Brasileiro, casado, natural de Hulha Negra, nascido em 05 de abril de 1938 e registrado em 1939, e nasceu a 100 metros da sua residência desde 1980.
Cursou dois anos do primário com a professora particular Bertila Arns. Um ano de admissão, 3 anos da série ginasial e 2 anos do clássico no Seminário em Pelotas. Cursou um ano de Filosofia no Seminário Maior de Viamão. Nove anos de escolaridade.
Uma pessoa pode ser pobre mas de coração nobre e uma pedra desprezada pode se tornar a pedra angular. Os que a desprezam, banqueteiam-se e esnobam poder, esquecendo-se da verdadeira aspiração dos emancipacionistas: desenvolvimento.
Que os 20 anos de emancipação deixe na história os fatos, as datas, os personagens e a própria história.
Abordaremos aqui dados sobre o início do município de Bagé, o município mãe de Hulha Negra, Candiota e Aceguá.


- O início da Hulha Negra;


- Relação dos fundadores da Colônia Trigolândia;


- Relação dos fugitivos para a Região de Cruz Alta;


- Relação dos cidadãos Eméritos, emancipadores;


- Relação dos destaques honorários;


- Relação dos produtores destaque;


- Destaques regionais;


- Destaques no Comércio em 2011.


Dados sobre a origem de Bagé e de Hulha Negra compilado e escrito em 2011.


Remontam a 1780 os nomes dos pioneiros que compõem a história de Bagé, Hulha Negra e Candiota com a família Lucas, que segundo Mirabeau Borba dos Santos diz ser parente e descendente. Em 1796 vieram também as famílias Cassão, Pimental e Bragança, que em 1806 receberam uma Sesmária cada um de Dom João VI.
A outorga da criação do município ou Vila ocorreu em 17 de julho de 1811, por Dom João VI, para assim  realizar a demarcação territorial. É discutível afirmar que Bagé foi fundado por Dom Diogo de Souza, pois naquela época o rei formava Vilas com acampamentos militares e em seguida as promovia a categoria de cidade ou município. Assim aconteceu com Bagé. Dom Diogo de Souza vindo a Bagé trazendo  a outorga do Rei e a entrega ao que seria o primeiro intendente Pedro de Oliveira e seguiu no dia seguinte rumo a Montevidéu. Aliás as outorgas aconteceram com todos os primeiros municípios gaúchos. Talvez seja a década 1940 que se passou pelo Processo de emancipação e pela Assembléia Legislativa através Plebiscito popular.
Para complementar consta que em 1810 o governador Dom Diogo de Souza manda anunciar que o governo concederia prêmios ás pessoas que apresentassem amostras de Lethintrase, carvão de pedra e quaisquer outros minérios úteis, encontrados em terras do Rio Grande do Sul. Isto para a história é importante porque a nossa região tem a maior reserva do Brasil deste minério e nós estamos lutando pela implantação de um Pólo Carboquímico em Hulha Negra.
Bagé se tornava o quinto município dentre os primeiros: Rio Grande, Santo Antônio da Patrulha, Rio Pardo, Porto Alegre.
Por muitos anos ostentava o título de o 3º maior, mais importante e desenvolvido município do Estado.
Na década de 1970, Bagé passou por uma fase de estagnação e a região norte do Estado com a industrialização e o povoamento de imigrantes alemães e italianos entre outras etnias, após a I Guerra Mundial, impulsionaram o desenvolvimento em vários Municípios que se estendem para toda Região norte.
A Região da Campanha e principalmente o Município de Bagé recebeu um grande impulso com a chegada de alemães em 1925 na Hulha Negra e mais tarde também com a vinda dos Menonitas na Colônia Nova, em Aceguá.
Um incremento na produção de trigo – linhaça – milho e mais tarde também com a cevada – soja – sorgo. Na década de 1950 começou a produção de leite que hoje é a salvação de quase todos os produtores rurais. É de salientar que naquela época o produtor de leite recebia por 1 litro de leite o equivalente a 1 litro de gasolina ou uma garrafa de cerveja. 
Bagé foi a terceira cidade do Brasil, depois de Campos, Rio e Juiz de Fora, Minas Gerais a ter a energia elétrica com a inauguração em 4 de junho de 1899.  A iniciativa foi do então intendente José Otávio Gonçalves que autorizou a concretização ao empresário espanhol Emilio Guilaym. O interessante desta história deve estar ligado a Hulha Negra, pois o Emilio Guilaym foi buscar em Buenos Aires o engenheiro alemão Eugênio Oberst que possuía experiência por ter instalado várias usinas na Argentina. Na Hulha Negra o Senhor Álvaro Brasil, que por muitos anos foi delegado, era casado com uma senhora de sobrenome Oberst, pois um filho chamava-se Eugênio Oberst Brasil.
Bagé também contou com o serviço telefônico que entrou em funcionamento em 12 de dezembro de 1901 que foi implantado também pelo intendente José Otávio Gonçalves. A sua implantação se deu pelo empresário João Ganzo Fernandez.
O prédio da Intendência Municipal foi inaugurado em 24 de fevereiro de 1900 também pelo major (aparece como major) José Otávio Gonçalves.
Já em 1910 temos o Senhor Tupi Silveira como o primeiro produtor de trigo no município de Bagé. Temos uma Avenida Tupi Silveira em Bagé e tínhamos também um distrito de Tupi Silveira no município de Bagé. Aliás, o novo município de Hulha Negra, na época da emancipação, tomou por base para o mapa do novo Município, os distritos de Hulha Negra e Tupi Silveira já que Candiota também aspirava sua emancipação formada pelo distrito de Seival. O interessante é que existe o Município de Candiota mas não há a Cidade de Candiota e a sede é Dario Lassance.
Falamos em Tupi Silveira como distrito porque supomos que as terras plantadas com trigo por ele seriam na área hoje em Hulha Negra.
Outros produtores mais tarde seriam o Senhor Adauto Dutra, José de Lellis Lucas, Doutor Jaime Brasil e em 1929 Wilhelm Blai e os fundadores da Colônia Trigolândia.
Hulha Negra começou a sua história com a inauguração da estação ferroviária, em 1884, com o nome de Vila Rio Negro devido à existência da Mina de carvão que por sua vez alimentavam as locomotivas ¨Maria Fumaça¨da Viação Férrea. O mineral também era transportado para diversas indústrias e empresas do Estado. Existiam também na época cinco Charqueadas. Assim as charqueadas, a mina de carvão deu origem aqui ao núcleo de moradores. Aqui também era carregado o minério de cobre da Mina do Camaquã.
Temos referências já antes, em 10 de setembro de 1936 quando neste dia se travou o combate de Seival entre a 1ªBrigada ao mando do Tenente Coronel Antônio de Souza Neto e as forças legalistas de Silva Tavares, com a vitória dos Farroupilhas. A história fala das margens do Jaguarão, do campo dos Menezes, a poucos quilômetros do Rio Negro, onde Neto proclamou a República Riograndense.
Em 1925 o Senhor Francisco Krenzinger veio de Pelotas para formar uma colonização que denominou Friedenau (terra de paz) que mais tarde passou-se a Chamar Colônia de Rio Negro e depois Trigolândia.
Tudo nos leva a crer e afirmar que Krenzinger não foi o fundador e sim um empresário ou um imobiliário pois adquiria uma quadra (87 hectares) de campo por 11 contos de réis (alguns falam em 19) e as revendia por 30 contos de réis. Na década de 1950 montou um comércio em Bagé que se chamava Ibasa e lá pela década de 1970 transferiu-se para Porto Alegre com toda sua família. Na festa dos 25 anos da fundação da Colônia foram homenageados os 18 primeiros imigrantes como os fundadores cuja relação apresentaremos mais adiante.
A primeira área adquirida estende-se do Clube Concórdia até a propriedade do já falecido Albino Hartwig pelos dois lados da estrada do Passo dos Netos, sendo uma área de 549 hectares.
A outra área está situada desde a primeira estrada da Colônia Salvador Jardim até a outra estrada Bagé – Salvador Jardim no entroncamento do lugar chamado Ireno Silva. Esta área que se estende até a propriedade do Senhor Reinaldo Mielke já perto da Colônia Jardim, também foi comercializada pelo Senhor Krenzinger. A gleba pertencia ao Senhor Gedeão Rato e possuía umas 500 ou 600 hectares. A gleba da Trigolândia pertencia ao Senhor Miguel Bifano que por sua vez era casado com uma filha do engenheiro Sandin que era italiano e construiu as pontes da estrada de ferro que Rio Grande – Pelotas – Bagé, lá pela década de 1880. Ele teria construído as pontes do trecho Pinheiro Machado a Bagé, Temos diversas famílias Sandin pobres. Conforme versão popular o engenheiro teria doado duas quadras de campo para cada filho ou filha. Sabemos porém que uma era casada com o Senhor Miguel Bifano e uma outra com o Senhor Vitorino Porto. O estranho nesta história é que os filhos nem sotaque italiano não tinham. A área que hoje é chamada Colônia Salvador Jardim e a Colônia Nova Esperança pertenceu primeiro a Família Romero que mais tarde foi adquirida pelo Senhor Nestor de Moura Jardim. Nestor Jardim era um grande produtor de arroz em Guaíba e por causa da luta do Leonel Brizola pela Reforma Agrária, ele resolveu vender parte da fazenda para uma nova colonização. Brizola formava o grupo dos treze já nos tempos em que queriam implantar o comunismo no Brasil. E Nestor Jardim queria mostrar que se poderia realizar uma outra Reforma Agrária, porém organizada com filhos de agricultores. E esta deu certo como deu certo a colonização em Aceguá com a Colônia Pioneira que é, aliás, um modelo de Reforma Agrária.
Nestor Jardim se assessorou com o Senhor Francisco Kloppenburg, gerente da Cooperativa Tritícola Assis Brasil Ltda que vendia o produto da porcentagem para a Cooperativa. Francisco que era viciado nestas atividades se tornou o líder da colonização e um ferrenho trabalhador da causa. O Senhor Elvino Baumbach foi o líder do grupo e já era a grande liderança da Colônia Salvador Jardim. Aliás Elvino depois do casamento com a Senhora Iracema Krause de Lima passou a trabalhar em terras da Estância Coxilha Negra do senhor Nestor. Em 14 de março de 1964 parte da propriedade formou a Colônia Salvador jardim, nome do pai do Senhor Nestor, foi uma escolha dele. Esta colônia contou então com 23 propriedades. A outra parte da estância foi vendida em 1979 para a formação da Colônia Nova Esperança, o protótipo da Reforma Agrária feita pelo governo para atender os desabrigados da barragem do Passo Real.


A colonização alemã
Com a colonização alemã em 1925 se abriu um novo horizonte para a Região da Campanha a tal ponto que Bagé se tornou na década de 1950 na Capital nacional do trigo. A produção foi tanta que não houve mais comércio e os produtores tiveram que fazer um protesto com desfile de máquinas e tratores na Avenida Sete. Esparramaram trigo também na rua. Mais tarde o Presidente Costa e Silva considerou melhor importar trigo da Argentina e dos Estados Unidos do que apoiar a nossa produção. Isto foi dito por ele em Passo Fundo. Aliado a outros fatores ficou a ferida aberta com produtores com dívidas nos Bancos.
Com falta de apoio por parte da municipalidade houve uma revoada de muitos produtores para a região de Cruz Alta e estes geralmente são os melhores. Quase todos se deram muito bem. Um exemplo disso é o ex-prefeito de São Borja Mário Weis, nascido há 4kilômetros da Trigolândia para o Seival. É o pai do atual prefeito Mariovane Weis, presidente da Famurs e chegou a possuir duas estâncias. O desgosto deste pessoal se justifica pela seguinte história: um ano deu uma super-safra de milho. O saco de milho valia Cr$ 1.500,00. A cooperativa Tritícola Assis Brasil articulou uma exportação para a Alemanha. As estradas estavam péssimas. O gerente da Cooperativa gestionou com o prefeito de Bagé uma vez – duas vezes e na terceira vez o prefeito perguntou: olha seu Francisco por essa estrada ainda passa boi? Boi passa mas a produção não passa. Então a estrada está boa, foi a resposta do prefeito. Os que não conseguiram carregar o produto venderam o milho mais tarde por Cr% 5.000,00 o saco.
Assim um fator muito importante e deve ser registrado é que o descuido com a municipalidade com os problemas do interior e que motivou os dois movimentos de emancipação: em 1964 dois distritos de Hulha Negra – Seival e Tupi Silveira. Devo ressaltar que justamente Tupi Silveira boicotou a emancipação. E em 1991 liderado por Capitão Hugo Canto e Lourenço Macke houve a emancipação de Hulha Negra quando se emancipou também Candiota.
Este descuido ou menosprezo com os problemas dos produtores e fazendeiros motivou também uma revoada de dezenas de famílias para a região de Cruz Alta.

Eis a relação:
1950 – Tarcísio Frantz casado com Elza Hauck
1950 – Francisco Leitzke casado com Adele Liebelt
1952 – Jacob Arns, 13 filhos com a família
1955 – Ancelmo Grunwald e Elfride Maria Hinz
1956 – Albino Hauck casado com Holdina Leitzke
1956 – José Luiz Weschenfelder
1961 – Willy Hauck casado com Vilma Liebelt
1963 – Henrique Macke e família.
Curiosidades:
A filha de Francisco Leitzke de nome Helga era casada com Siegfried Schunemann, prima do ator Werner Schunemann.
A filha Bertila Arns do Jacob Arns é prima da Doutora Zilda Arns. Bertila foi professora do Sr. Augusto Baier e Lourenço Macke.
Relação dos 18 pioneiros e fundadores da colonização Rio Negro, sendo intendente do Município de Bagé o Doutor Carlos Mangabeira:


1925 – Francisco Krienzinger             96 hes.

1925 – Gaspar Brandel

1925 – Francisco beskow                    65 hes.

1925 – Carlos Schneider                    65 hes.

1925 – Emílio Otte                             10 hes.
1925 – Frederico Leitzke                    40 hes.
1926 – Reinhold Hollatz
1926 – Vendelino Langer
1927 – Otto Hoesel
1927 – Frederico Ebert
1929 – Ernesto Karl Faulstich
1929 – Georg Hauck
1929 – Francisco Kloppenburg
1929 – José Macke
             Oscar Groeger
             Otto A. C. Mileke                  8 hes.
              Langmantel
             Alberto Schneider

Curiosidades:
As famílias da colonização Friedenau por serem de Pelotas eram todas ligadas à Igreja Evangélica Luterana.
Francisco Kloppenburg e José Macke vieram de Rolante para trabalhar de tratorista com o também rolantense Wilhelm Klein que arrendava 300 hes. na região hoje da Comunidade Emanuel e ficou apenas por 2 ou 3 anos, quando o Senhor Wilhelm retornou à Rolante. José Macke se empregou nas minas de carvão. Segundo o saudoso, o popular Luiz Peres Alves, José Macke era tratorista pois era o único que sabia lidar como trator e que entendia de mecânica. Aliás, José Macke ensinou a todos os primeiros produtores em matéria de oficina mecânica, principalmente os ferreiros Valdemar Schperb, Ernesto Faulstich e outros. Aliás José Macke foi um dos primeiros a comprar uma máquina trilhadeira rebocada tipo corta e trilha em 1945 e um trator em 1946. Aliás outra curiosidade é que naquela época quem plantasse 30 hes. de trigo podia comprar uma quadra de sesmaria de campo (87 hes.). Em 1932 Bernardo e Francisco Kloppenburg (pai e filho) e José Macke (genro e cunhado) compraram as terras do Doutor João Lucas. Bernardo 54 hes. hoje pertencentes a Luiz Paulo Kloppenburg e Ana Elisa Kloppenburg. Francisco 56 hes. e José Macke Macke adquiriu 117 hes. Nesta época veio também outro genro o Senhor Guilherme Schierholt que permaneceu uns 10 ou 12 anos, retornando então para Rolante. Estas quatro família católicas juntamente com o Professor Pedro Reinaldo Bohn que veio de Estrela e o Senhor Irineu Souto são os fundadores da Comunidade Católica Cristo rei da Trigolândia bem como a Escola Estadual de ensino Médio Manuel Lucas de Oliveira com a construção da Escola Capela São Francisco de Assis.
Em 1936 o professor retornou para Estrela. O Projeto continha um hectare e meia de terra pertencente à Comunidade Católica. As diversas famílias já nativas passaram a frequentar tanto a Escola como a Comunidade Católica, pois as Comunidades Luteranas valorizavam muito a Escola Alemã com suas tradições e costumes. Tinham até banda e coral por algum tempo.
Devemos aproveitar o assunto que a história nos impõe, dizendo que no tempo da II Guerra Mundial, Getúlio Vargas proibiu o ensino e a fala do alemão e italiano. O Brasil perdeu a oportunidade de ser país com três idiomas quando a Suíça tem quatro e o Canadá dois. A polícia mandou então fechar a Escola dos Luteranos que passaram a frequentar a Católica e esta passou então a ser Municipal e mais tarde Estadual. Foi quando passou o terreno para a Prefeitura Municipal de Bagé e as professoras também municipais, como muitas vezes acontece, em vez de doarem meio hectare para a Escola e a Comunidade Católica ficaria com um hectare alguém inverteu o acordo. Quem assinou pela Comunidade foi o senhor Deoclides Martim, tesoureiro. A Comunidade Católica por um acordo em 1957 feito pelo Padre Léo Persch comprou novamente a meia hectare, construindo uma casa para o zelador da Escola, o Senhor Pedrinho Sandim, pois sua esposa era merendeira. Mais tarde, na década de 1980, outro grupo rompeu novamente o acordo e o compromisso se apossando de novo da área da Comunidade. Mas enquanto as escrituras se encontram ainda irregulares, nos temos o orgulho por termos na Trigolândia a Escola Estadual de Ensino Médio Manoel Lucas de Oliveira.
Já que houve uma referência ao Coronel Manoel Lucas de Oliveira, nome do patrono da Escola Estadual de Ensino Médio Manoel Lucas de Oliveira da Trigolândia – Hulha Negra, segundo dados do Núcleo de Pesquisas Históricas de Candiota, ele foi um destaque na Revolução Farroupilha (1835-1945). Estes dados supre uma deficiência da Escola que não possuía dados a respeito. Já que abordamos o assunto Revolução Farroupilha podemos dizer que conforme entrevista do Ex-prefeito de Bagé Luiz Alberto Vargas numa emissora de rádio ele declarou que seu trisavô Manuel Veríssimo Simões Pires teria participado do combate em Rio Negro, hoje Hulha Negra. Vemos aqui que já neste tempo existiu um lugar chamado Rio Negro. Temos então um segundo personagem que teria participado neste fato histórico. Temos o ex-vereador Remídio dos Santos Garcia que afirma que um tio dele havia sido degolado no embate em Rio Negro. Isto foi detalhado mais pelo Senhor Ivar Tadeu de Matos que declinou o nome do doutor Cândido Garcia. Perguntado o porquê do Doutor e a explicação foi porque era coronel. Conforme o senhor Ivar diz que foi-lhe oferecido um cavalo encilhado para a fuga. Ele não teria aceitado, preferindo a degola com os companheiros. O corpo foi sepultado no cemitério dos Garcia perto da antiga Estância da Capivara, hoje Assentamento Capivara. Na frente do Cemitério, do lado de fora, existem dois túmulos e um seria o do Coronel Cândido Garcia.
Segundo o Núcleo de Pesquisas ele foi um dos personagens de destaque na Revolução e teria nascido em Povo Novo em 29 de janeiro de 1797 e faleceu em Rio Grande no ano de 1874. Estancieiro nas proximidades do Arroio Candiota, combateu na Revolução e teve papel decisivo na Batalha do Seival, quando depois da vitória ajudou a convencer o comandante Antonio de Souza Neto a proclamar a República Rio-grandense. Em 1847 foi nomeado Coronel da Guarda Nacional e comandante dos Municípios de Piratini, Bagé e Jaguarão. Foi eleito deputado provincial na 3ª Legislatura da Assembleia do Rio Grande do sul, em 1848. Depois foi responsável pela organização do primeiro corpo de Voluntários da Pátria para a Guerra do Paraguai, em 1865.
Também participou como comandante de uma brigada de reserva nas Guerras Platinas contra Oribe e Rosas. Manoel foi o pioneiro na produção de minério na região. Cassio Lopes, presidente do Núcleo de pesquisas Históricas de Candiota, destaca quem quiser conhecer as caldeiras, as mesmas localizam-se no Assentamento do Passo do Tigre,a margem do Arroio Candiota, próximo a Cimbagé.
 

Cidadãos Eméritos

Causas emancipacionistas

1964 – Liderança: Francisco Kloppenburg

             Presidente da Comissão: Pe. José Macke Filho

1992 – Presidente: Capitão Hugo Canto

              Liderança e Vice-presidência: Lourenço Macke

Destaques Honorários

            Dom Boaventura Kloppenburg

            Deputado Afonso Ham

            Professor Paulo Cezar Camargo Teixeira

             Antonio Pires

            José Luiz F. Franck

            Helmuth Koester

Destaques em desenvolvimento

            Doutor Ivar Beckman

            Segundo Deiro - S. Deiro e irmãos Ltda.

            José Gomes Filho

            Hugo Klug

            Doutor Jaime Lopes Brasil

            Enzo e Lori Bordignon

            Bruno Petry

            Hans Graff

            Pedro Reinaldo Bohm

            Pedro Rabione Sacco

            Doutora Ester Koester

Produtores destaques

            José Macke

            Frederico Leitzke

            Albino Hartwig

            Reinaldo Mielke

            Elvino Baumbach

            Helmuth Schneider

            Ernesto Faulstich

            Lourenço Koester

            Bernardo Kloppenburg

            Antônio Leitzke
 

Cidadãos Eméritos – os emancipacionistas

            Lideranças são pessoas que lutam por ideias e por ideal. A emancipação é uma luta por autonomia administrativa – econômica e política. O apoio da população em torno da emancipação aspirava ao desenvolvimento. O nome de Francisco Kloppenburg não aparece porque ele ainda não era naturalizado brasileiro. Mas como eu, um dos participantes, indo de casa em casa pedindo assinaturas e conforme o tio, eu era dos poucos que ajudara até financeiramente. Alguns papéis e a lista de contribuintes, ele os teria entregado ao ex-prefeito Marco Antonio Balejo Canto. Assim pela participação minha, posso afirmar que o seu Francisco foi a grande liderança.
          O seu Francisco Kloppenburg foi o líder na Comunidade Católica Cristo Rei. Foi o líder na fundação da Cooperativa Tritícola Assis Brasil Ltda. Juntamente com o Doutor Jaime Lopes Brasil. A Cooperativa gerenciada por outro grupo que a endividou foi reerguida novamente por Francisco e Jaime Brasil. Em 1980 outro grupo a sepultou de vez. Toda capitalização e o suor dos produtores foi sepultado. Seu Francisco lutou também pela criação do STRs de Bagé – da Cooperativa de Eletrificação Rio Negro depois transformado em Coopersul na união com a Cooperativa Eletrificação Colônia Nova.
            Padre José Macke Filho foi o Presidente da Comissão de Emancipação de Hulha Negra. Era o mentor e com ele tudo tinha que ser certinho. Orgulhoso conta a história anos depois quando se encontrou com o Prefeito de Cachoeirinha que lhe disse que quando Cachoeirinha quis se emancipar a Assembleia Legislativa lhes indicaram como modelo o projeto de Hulha Negra. Todo o processo de emancipação vai estar disponível na Escola Manoel Lucas de Oliveira da Trigolândia.

Eleitores: Hulha Negre – Seival – Tupi Silveira – setembro de 1964

Tupi Silveira                        281

Seival (Candiota)                 815

Hulha Negra                        846

Eleitores                              1842



Emancipação de Hulha Negra

Capitão Hugo Canto. Capitão reformado como expedicionário da FEB – Itália. Nascido em 22-07-1920 e falecido em 14-08-1992. Militar do Exército quando da Revolução que implantou a ditadura militar, servia no Quartel General. O general era contra a Revolução e a Artilharia era a favor. Conforme o motorista do Coronel Paixão que diz que o Regimento da Artilharia apontou todos os canhões na direção do Quartel General quando os militares do Quartel General se entregaram. Os comunistas foram mandados para o Amazonas e o Capitão Hugo passou para a reserva por ser expedicionário com a patente de Capitão. Eu que conheci o Capitão posso dizer que era uma pessoa maravilhosa e nós trabalhamos juntos pela causa da emancipação. Era um cidadão aberto e respeitoso. A sua morte foi significativa quando perdemos a continuação do nosso Projeto de desenvolvimento para nosso novo município. Teríamos toda a chance de implantarmos um governo de consenso. O filho Marco Antonio tomou seu lugar e implantou o partidarismo e o companheirismo. É frase dele ¨Quanto ao PDT, no momento oportuno, votará de acordo com os interesses do Partido¨. Marco Antonio Balejo Canto. Neste sentido foi irreparável a morte do saudoso Capitão Hugo.
            Convém salientar que nós não tivemos nenhuma Entel ou CRM, como Candiota, e como acontece em outras emancipações onde as indústrias, o comércio e o povo contribuem. O Capitão e eu bancamos praticamente tudo. É muito triste não se ter o reconhecimento de todo nosso trabalho. Conforme o guia telefônico 2010/2011 da 1ª folha consta que a Hulha Negra estava no 196º lugar no Ranking 2007/2008 ICMS dentre os 496 municípios do Rio Grande do Sul. Tudo indica que tem 300 municípios com menos arrecadação e também com menos habitantes. Por exemplo Aceguá em 2007 tinha 4.100 habitantes e  Pedras Altas 2.400 habitantes. E muitos municípios do Rio Grande do Sul não atingem a população da Hulha e no entanto estão melhores e mais desenvolvidos do que a nossa Hulha. O nosso comércio felizmente aproveitou o momento e se organizou e trouxe desenvolvimento. O nosso frigorífico que era o Pampeano – o Bordom e agora o Marfrig group se modernizou e aumentou em muito sua produção. Responde por 40% na arrecadação e emprega em torno de 1.800 pessoas.


Mensagem sobre a História da Hulha Negra, enviada por Rudolfo Bruno Frantz. Coloco para completar a história.

Sou filho de um fugitivo para Cruz Alta,(Gostei do Termo) Tarcisio José Frantz e Elza Hauck Frantz.

Hoje fui pesquisar sobre Hulha Negra e tive a felicidade de encontrar o teu blog

Nasci a uns três kms da Trigolândia, na casa do Avô Karl Hauck(Carlos) onde hoje deve ser de um Schneider.

Sou sobrinho e afilhado de Crisma de Paulo Klopenburg e Sita Frantz Klopenburg.

E num dia, provavelmente um domingo passei a tarde na sua casa, onde joguei futebol.

Talvez estivesse presente. No termino, fomos ao poço onde tomamos uma agua muito fresca.

Logo após retornei para casa, que na época era a propriedade dos Bossat. Não me senti bem, acabando de passar por um milharal, onde até dei uma dormidinha.

Mas na verdade era o início de uma forte hepatite. 

E no dia seguinte eu e minha mãe pegamos carona com seu pai ( José Macke) para consulta em Bagé.

Reconheci nas fotos a camioneta FORD, nas fotos do seu Blog

Isto deve ter acontecido no ano 1952.

No ano seguinte mudamos para Granja Progresso em Cruz Alta.

Em 1965 mudamos para Cuiabá-MT

Retornamos em 1967 para São Luiz Gonzaga-RS.

E em outubro de 1971 vim para Campo Grande-MS, onde permaneço até hoje

Meus pais, meu irmão Hugo com esposa, vieram para Dourados-MS

Anos depois mudaram para Rondonopolis-MT, onde meu irmão permanece

Meu pai faleceu em Campo Grande em abril de 1991

E minha mãe mora comigo, gozando de boa saúde, aos 89 anos

Caro Lourenço a intenção era somente fazer um breve contato, mas acabei fazendo um relato

Estive duas vezes na Hulha Negra, em 1968, outra em 2000, quando ainda tomei café da manhã com os padrinhos.


Primeira Reunião da Emancipação de Hulha Negra em 1964, no escritório da Coop. Tritícola Assis Brasil
 
 Foto em 1964 dentro do armazém da Coop. na secção de sementes
 
Reunião da Coop. Tritícula Assis Brasil LTDA em 1965
 
Francisco Kloppenburg recebendo uma homenagem de honra ao mérito, pela câmara de vereadores de Bagé
 
Carta Postal enviada por Francisco a sua namorada Ida, em 27-11-1935. Vista do colégio Auxiliadora com carro antigo em Bagé
 
Desfile da Semana da Pátria depois da Emancipação